domingo, 21 de setembro de 2008

Wolf Parade | At Mount Zoomer


Era enorme a curiosidade para ver o que os Wolf Parade fariam a seguir. O seu primeiro álbum, "Apologies to Queen Mary", era uma obra dotada de um rock único, puramente indie, assentando numa mistura de sintetizador, teclado, guitarra, e a voz melancólica mas algo aguda (desta forma comparável na melancolia mas não na profundidade às vozes de, por exemplo, Matt Berninger ou Ian Curtis) do vocalista e guitarrista Dan Boeckner, sendo um notável álbum de estreia. Seria, pois, de esperar em "At Mount Zoomer" mais um belo álbum, talvez até revelador de uma evolução da banda.

E, de facto, "At Mount Zoomer" é isso mesmo. Não só um belo álbum de rock (um dos belos álbuns de 2008), mas também um símbolo de, mais que evolução, um símbolo de exploração. De facto, é esse talvez o maior trunfo desta segunda obra dos Wolf Parade: o grupo aqui tenta, acima de tudo, explorar o seu próprio estilo. O uso de sintetizador e teclado é mais frequente e espectacular, atingindo por vezes um verdadeiro frenesim musical... a forma como o teclado é usado chega até por vezes a lembrar o estilo único dos The Doors... Language City é talvez o melhor exemplo de tal frenesim musical, atingindo a certa altura uma fusão entre teclado e sintetizador absolutamente espectacular; a voz de Boeckner evolui, e o seu timbre alia-se mais que nunca à música da banda (melhor vocalista para tal estilo seria impossível); e as guitarras e o baixo possuem um som mais complexo, existindo solos que vivem acima de tudo de uma complexidade ritmica raríssima que se funde perfeitamente com a música (que, desta forma, mesmo sem a sua espectacularidade, conseguem ser por vezes tão deliciosos como uns solos dos Muse ou dos Metallica).






"At Mount Zoomer" é, pois, uma evolução... mas não supera em larga escala o primeiro álbum da banda. É superior, sim, e marca uma evolução... mas é, acima de tudo, símbolo de uma banda que, após ter decidido que estilo tocar, tenta dentre desse mesmo estilo fazer o melhor possível. Como álbum, "At Mount Zoomer" não é tão coeso como "Apologies to Queen Mary". De facto, as músicas variam totalmente de umas para as outras, com a banda tentando em cada uma explorar um elemento diferente da sua própria música. E tais explorações são espectaculares de ouvir, sempre de boa qualidade (de facto, não existe neste álbum de nove músicas uma que possa ser considerada de "má"). O álbum é de qualidade superior ao primeiro, mas seria prudente não esperar algo infinitamente superior ou, acima de tudo, muito similar ao primeiro trabalho da banda. É o mesmo estilo... mas dentro desse mesmo estilo, é uma obra mais ambiciosa, diferente, mais exploradora. E ao ouvir Kissing the Beehive, a grande obra-prima de "At Mount Zoomer", a última música de dez minutos que encerra o álbum, percebe-se todo o potencial existente no grupo, tudo aquilo que ainda pode ser feito. É, pois, neste épico de dez minutos que se percebe o que os músicos aprenderam na criação deste novo álbum. Todas as músicas são, como já disse, de grande qualidade, mas Kissing the Beehive é uma enorme obra-prima, de longe o melhor que o grupo fez até agora.


E um símbolo de que ainda muito pode ser feito. Um símbolo do notável que é o facto de este ser apenas o segundo álbum da banda. Símbolo, também, do que ainda está para vir. O potencial aqui existente apenas agora começou verdadeiramente a ser explorado, e muito bem explorado diga-se de passagem. Depois de ouvir "At Mount Zoomer", é impossível não ficar imediatamente ansioso pelo terceiro álbum da banda. E se este foi apenas o seu segundo (e maravilhosamente ambicioso) álbum, imaginemos só o que poderão fazer no terceiro...


4/5

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